sábado, 27 de março de 2010

Bullying

Com a moda da Gripe A, do Haiti e da Madeira a acabar, há que aproveitar algo novo.

Os telejornais são qualquer de fascinante:

Pegam numa notícia de 3 minutos corriqueira e transformam-na na nova sensação nacional. A partir dessa notícia, aparentemente insignificante à escala de um noticiário de 1 hora, fabrica-se uma inteira sensação e uma legião de pseudo-notícias, num fenómeno chamado reciclagem de notícias.

Vocês sabem, no país inteiro centenas (senão milhares) de crianças são agredidas e sofrem terríveis consequências, mas só uma é que merece toda a atenção e, durante um espaço de tempo, qualquer puto que leve um enxerto de porrada na escola é notícia de abertura, dando a ilusão que este é um fenómeno novo ou que está mais activo. E como é óbvio entra-se no nosso conhecido ciclo de pânico.

Vocês sabiam que isto ia aparecer



Nada mais falso.

O Bullying (ou whatever) é um fenómeno que existe desde que os putos nascem com membros, é normal que num espaço colectivo como numa escola haja sempre o miúdo (ou miúdos) que queiram controlar toda a fauna restante. Trata-se da lei da selva em acção. Ainda sem noção de normas em sociedade os putos agem em bando, é por estas e por outras que a ideia de "infância cor-de-rosa" está mais que errada, pode ser um autêntico pesadelo.

É claro que os media não querem saber de factos, o que interessa é pôr as culpas em alguém, neste caso há alguns alvos bem prováveis:

- A escola. Porque tem de haver polícias armados e com ordem para disparar em todas as esquinas e snipers na portaria da escola.



Embora não descarte a possibilidade da administração da escola ser realmente uma merda.



- Filmes/jogos de vídeo/música. Porque não há nada mais conveniente que pôr as culpas em algo que está fora do nosso controlo, os alvos clássicos são: Grand Theft Auto, Canis Canem Edit, Manhunt ( e qualquer outro jogo da Rockstar), Marylin Manson e Death/Black Metal em geral (quando atacam gente específica tendem a ser bandas mainstream). É óbvio, para quem dois dedos de testa que isto não passa de uma manobra para desviar as atenções do problema real (apesar de já ter havido problemas por causa destas histórias da treta).

- O agressor. Um dos últimos alvos. É descrito como um sociopata, um monstro personificado, há hipóteses de haver gente que culpe uma etnia específica, mas são imediatamente abafados por pseudo-liberais com o argumento que os ciganos são todos uns santinhos e merecem o rendimento de inserção social e rendas de 2,50€.

- A família. Probabilidades de um familiar ser preso por abusos, mesmo sem provas específicas, mas dá espectáculo durante mais umas semanas.

- A vítima. Último recurso. Utilizado quando alguém se apercebe que talvez uma pessoa que se mata porque os colegas o gozam na escola tenha problemas mentais.

Acredito que este fenómeno esteja a intensificar-se, isto é, que uma agressão menor leve a um suicídio, mas isto é fruto da tendência geral. Isto porque, de um modo geral, a culpa é atribuída ao agressor, mas não será que o problema, ou pela menos a grande fatia deste, esteja no agredido?

O agredido tem duas opções: ripostar (verbalmente ou fisicamente), ou buscar reforços (reportar a situação). Seja qual for a hipótese escolhida a situação pode-se resolver, se a opção que um miúdo faz é cometer suicídio então algo está errado.

Talvez esteja na altura de ter cuidado em quem pomos as culpas ou então arriscamos a criar uma sociedade-manicómio onde todos são facilmente manipuláveis e, ao mínimo sinal de stress, ficam com a mente completamente desregulada.