domingo, 7 de junho de 2009

Uma história do apocalipse

Lisboa, 21\12\2012


As coisas corriam pacatas e serenas, como de costume, as pessoas estavam em pânico porque o dinheiro estava a desaparecer, mais um ourives tinha sido assaltado enquanto carregava 5 quilos de ouro num bairro duvidoso e a equipa de um programa de televisão de qualidade duvidosa tinha achado mais um pobrezinho para entreter a população reformada.
Até que um dia tudo mudou, uma doença vinda de algum país que ninguém tinha ouvido falar tomou de assalto o país. A preocupação, o desespero e as dimensões desta horrível catástrofe eram tão grandes que ninguém teve tempo para ouvir quem realmente entende de saúde.
Eram vacinas, eram máscaras, eram remédios naturais, tudo os pobres e humildes fabricantes de medicamentos punham à disposição do povo para este se sentir mais seguro.
As estações de televisão tentavam achar informação o mais rigorosa e menos sensacionalista possível sobre esta calamidade, a fim de provocar o pânico nas pessoas.
As pessoas estavam em pânico.
Isto foi a parte mais calma, no dia em que a misteriosa doença chegou, efectivamente, ao país é que as coisas começaram a complicar.
Nenhum órgão do Ministério da Saúde o tinha confirmado, ninguém que sabia alguma coisa de medicina o confirmou, mas já toda a gente sabia porque passou na televisão, e como é do senso comum, tudo o que passa na televisão é verdade.
Foram horas de pânico e horror, os hospitais estavam abarrotados de gente que ao mínimo sinal da doença (espirros) se dirigiu ao centro hospitalar mais próximo, era neste sítio onde estavam os optimistas, pois muitos outros, que sabiam que já não tinham qualquer chance de sobrevivência, estavam trancados nas Igrejas a observar na TV as possíveis últimas horas da civilização tal como a conhecemos.
Neste cenário apocalíptico nas ruas apenas vagavam uns pobres ignorantes que pareciam não saber nada do sucedido e continuavam as suas vidas normalmente.
Aqueles que estavam contaminados com a doença estavam isolados e devidamente afastados do resto da população, o cenário fazia lembrar “A noite dos mortos vivos”.
Cerca 24 horas após a entrada do vírus, o ministro da saúde disse que, passo a citar: “Tudo não passa de um grande exagero”. O povo, e com razão, pensava: “Mas que sabe este homem de doenças para dizer estas barbaridades?”. No entanto, as coisas voltaram, lentamente, ao normal. A doença desapareceu misteriosamente, e nunca mais ninguém voltou a falar dela.

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E acho que é mais ou menos isto que se vai passar no dia do Juízo Final.

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